No Broto Botica, escolhemos os produtos da CHoKolaH pela produção de um chocolate de alta qualidade. Cada etapa de fabricação é feita com muito cuidado, da seleção da amêndoa, à torra, ao refino, à conchagem e à cristalização do chocolate.
São chocolates premiados, recheados, zero açúcar, orgânicos, bombons, dujas e spreads. O cacau é plantado por pequenos agricultores da região do Rio Xingú, na Amazônia, que cuidam não apenas do cacau, mas também da floresta.
A CHoKolaH é uma fábrica bean to bar, pioneira no Brasil na fabricação de
chocolate a partir da amendoa de cacau. Bean to Bar é basicamente aquele feito a partir da amêndoa integral do cacau até a barra de chocolate, sem segmentação de processos nem aditivos artificiais de qualquer sorte.
Todos os produtos são fabricados com cacau que gera impacto direto na agricultura
familiar do corredor do cacau do Rio Xingú, importante frente para a contenção do
avanço da Pecuária na Amazônia e para a regeneração da floresta amazônica.
Quem é a fundadora?
Claudia Schultz: Cláudia foi estudar o processamento de cacau quando ainda era estudante de sociologia da USP. Em 2002 Brasil havia feito a sua primeira exportação de cacau orgânico plantado pela cooperativa de assentamento agrário no sul da Bahia, a Coopasb, e ela e um estudante do Massachusetts Institute of Technology (MIT) se voluntariaram para elaborar um plano de negócios para aumentar o valor agregado do cacau deles. Infelizmente o projeto não foi implantado. Mas Cláudia se apaixonou por tudo aquilo e nunca mais parou de estudar e de trabalhar com chocolates. Fez todos os cursos de chocolates do Ital (Instituto de tecnologia de Alimentos), comprou e leu todos os livros que encontrou pela frente, viajou para a Suiça atrás de mais informações e segue até hoje se aperfeiçoando.
Em 2017 a Cláudia ministrou o primeiro curso de chocolate Bean to Bar do Senac e também do CIC/ UESC (Centro de Inovação do Cacau da Universidade Estadual de Santa Cruz), onde dá aulas até hoje e compõe o júri do Prêmio Nacional de Qualidade de Cacau organizado por eles.
Preocupada com a barreira de contenção do avanço da pecuária na Amazônia, a CHoKolaH, fábrica de chocolates orgânicos fundada pela Cláudia, trabalha em parceria com ONGs socioambientais.
O Potencial Econômico da Amazônia: Sócio-Bioeconomia e Sustentabilidade na Floresta em Pé
O potencial econômico da Amazônia é vasto e promissor, especialmente com o desenvolvimento da nova sócio-bioeconomia focada na preservação da floresta em pé. Esse modelo sustentável pode gerar um valor econômico muito maior do que a pecuária ou a exploração de madeira. No Brasil, contamos com cerca de 4,5 milhões de agricultores, sendo que 85% estão nas classes econômicas E e D.
Agrofloresta e Pecuária na Amazônia
Enquanto a pecuária na Amazônia gera um lucro de apenas R$ 200-300 por hectare ao ano e emprega 1-2 trabalhadores a cada 100 hectares, o sistema agroflorestal não madeireiro tem um potencial muito maior. Ele pode gerar lucros de R$ 1.500-3.500 por hectare ao ano, além de empregar 10-20 trabalhadores por 100 hectares.
Cooperativas de produtos da floresta são essenciais para essa nova economia. Algumas cooperativas chegam a produzir mais de 50 produtos, que incluem produtos aquáticos e extrativismo da floresta. Nesses modelos sustentáveis, os cooperados já ascenderam à classe média, com exemplos de cooperativas em que todos os 1.800 fornecedores atingiram a classe C e muitos já fazem parte da classe B.
Contribuição da Pecuária e Produtos da Sócio-Biodiversidade no PIB
Atualmente, a pecuária representa 6% do PIB do Brasil, enquanto os produtos da sócio-biodiversidade – que são mais lucrativos – representam apenas 0,5% do PIB nacional. A mandioca lidera esses produtos, seguida pelo açaí e, em terceiro lugar, o cacau. Na Amazônia, essa disparidade é ainda maior: a pecuária representa 17% do PIB, enquanto o açaí, segundo maior produto, responde por apenas 1,2%.
Desafios da Logística e Comercialização de Produtos Amazônicos
Para expandir a sócio-bioeconomia da Amazônia, ainda existem barreiras significativas, especialmente em termos de logística e comercialização. Um exemplo é o cultivo do cacau na Amazônia. Em áreas ribeirinhas e habitadas por indígenas e quilombolas, o cacau é cultivado sob o sistema Cabruca, onde as árvores crescem à sombra de outras árvores nativas. No entanto, a localização remota e o isolamento dessas comunidades tradicionais da Amazônia dificultam a venda e a precificação justa desse produto.
Uma plantação de cacau bem manejada pode produzir entre 1.200 e 1.800 kg de amêndoas de cacau por hectare e empregar 2 trabalhadores a cada 10 hectares. Em comparação, uma plantação sem manejo produz de 300 a 600 kg por hectare. Devido ao isolamento, os plantadores recebem preços muito baixos dos intermediários – entre R$ 12 e R$ 25 por kg – enquanto as moageiras pagam até R$ 50/kg.
A Valorização do Cacau Fino e Orgânico
O mercado de cacau fino e orgânico representa uma oportunidade única para a bioeconomia da Amazônia. Esse tipo de cacau, altamente valorizado, pode ser posicionado no mercado com tabletes de chocolate fino que custam entre R$ 24 e R$ 26 ao consumidor final. Isso cria uma cadeia de valor sustentável, onde os plantadores podem receber até R$ 40-50 por kg de cacau.
Capacitação e Organização para Valorizar o Cacau na Amazônia
Uma das iniciativas essenciais para fortalecer a sócio-bioeconomia amazônica é capacitar os plantadores em técnicas de pós-colheita e ajudá-los a se organizarem em cooperativas. Com suporte e treinamento, essas comunidades conseguem superar as barreiras de logística e comercialização, preservando a Amazônia e promovendo o reflorestamento.
Essas iniciativas trazem riqueza, promovem a resistência contra o desmatamento e estimulam o desenvolvimento econômico sustentável na região. Investir na sócio-bioeconomia da Amazônia é fundamental para uma economia que respeite a biodiversidade e valorize as comunidades locais, garantindo um futuro próspero e verde.
Texto Broto Botica | CHoKolaH
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